Pela liberdade imediata do advogado José Vargas Junior

O defensor de direitos humanos e advogado dos trabalhadores sem terra que sobreviveram ao Massacre de Pau D’Arco, José Vargas Sobrinho Junior, está preso desde o dia primeiro de janeiro de 2021 em Redenção, no Pará. Ele é acusado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de envolvimento na desaparição do ex-candidato a vereador Cícero José Rodrigues de Souza.

No último dia 4, a justiça negou o pedido de liminar em habeas corpus impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Vargas permanece em prisão preventiva. As organizações que assinam esta carta pedem a soltura imediata do advogado.

As alegadas provas produzidas pela polícia contra Vargas – áudios de Whatsapp em que comentava o sumiço de Cícero – são absurdamente frágeis. No habeas corpus, a OAB argumenta que sua prisão havia sido baseada “em premissas hipotéticas, sem comprovação nos autos” que não poderiam “ancorar medida extrema, especialmente sob a imputação de crime hediondo”. No pedido ao Tribunal de Justiça, defende que a prisão está apoiada numa “fantasiosa tese levantada pela autoridade policial”.

Vargas tem longa trajetória em defesa dos direitos humanos no sul do Pará, a região onde mais foram assassinadas lideranças em conflitos no campo. No Massacre de Pau D’Arco, ocorrido em 2017, foram executados por policiais civis e militares dez sem-terra – um crime cujos algozes, até hoje, caminham em liberdade pelas ruas de Redenção. Ameaçado pela sua posição intransigente na busca por justiça e reparação para os sobreviventes, Vargas foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. O advogado chegou a ser forçado a deixar a cidade junto de sua família, sob intensas ameaças de morte.

Além de Pau D’arco, Vargas atua em casos emblemáticos, como na defesa de trabalhadores contra a multinacional JBS, e de indígenas Kayapó contra empresas mineradoras. Reconhecido por sua atuação, recebeu o prêmio João Canuto em 2017, concedido pelo Movimento Humanos Direitos (MHuD), e a medalha Paulo Frota 2018, outorgada pela Assembleia Legislativa do Pará.

Vargas foi preso em casa diante de sua esposa e de suas duas filhas. Seu computador e seu telefone celular foram apreendidos. A prisão afeta não somente a ele e sua família, mas também a centenas de pessoas dos casos em que ele atua – trabalhadores sem terra, indígenas, camponeses: a gente pobre desta terra, e de quem Vargas sempre foi um aliado.

O grave desaparecimento de Cícero – que, além de ex-candidato a vereador, é presidente da Associação Regional de Pessoas com Epilepsia de Redenção – deve ser investigado e elucidado. Desde o dia 20 de outubro de 2020, não há informações sobre o seu paradeiro. Também demandamos, assim, que as investigações prossigam e que Cícero seja encontrado; e prestamos solidariedade à sua família, que está sofrendo.

E exigimos o imediato relaxamento da prisão de Vargas. Ele possui o direito constitucional de responder em liberdade pelas acusações que lhe forem feitas, como prevê a legislação brasileira para pessoas com vínculo empregatício comprovado, residência fixa e sem antecedentes criminais. O que se pede, então, é que a Lei seja cumprida e os ritos processuais sejam seguidos. Arbitrária, a prisão de Vargas coloca em xeque a credibilidade do Estado de Direito no Brasil. Neste momento em que as instituições brasileiras estão sob ameaça, mais do que nunca, perguntamos: serão letras mortas, as nossas leis?

Segunda-feira, 11 de janeiro de 2021.

ASSINAM:

Acampamento Jane Júlia – Pau D’Arco

Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (APIB)

Articulação Comboniana de Direitos Humanos

Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR)

Brigadas Populares

Campanha Nacional em Defesa do Cerrado

Centro de Apoio aos Direitos Humanos Valdício Barbosa dos Santos

Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis

Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Thomas Balduino

Coletivo Margarida Alves de Assessoria Popular

Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

Front Line Defenders

Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR)

Justiça Global

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)

Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM)

Movimento Terra Livre

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

ONG Criola

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Redenção/PA

Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP)

Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro) PA/AM/MA/AP

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos

Teia dos Povos

Terra de Direitos

Tuxa Ta Pame – Conselho de Gestão Ka’apor

VIVAT International – Brasil

Xingu Vivo

 

*Matéria originalmente publicada em teiadospovos.org

Combater o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes é um dever de todos.

Voluntária Naiara Bispo (Assistente Social)

 

O dia 18 de maio é o dia Nacional do combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes. A data foi escolhida devido ao “ Caso Araceli”, que ocorreu em Vitória (ES), em 18 de maio de 1973. Araceli era uma menina de 08 anos de idade, que foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média. Esse crime, até hoje está impune.

A data é importante para nos lembrar que assim como a família e o Estado, a sociedade também tem o dever de proteger de maneira integral a criança e o adolescente. A luta para combater o abuso e conscientizar as pessoas para que entendam que criança e adolescente são sujeitos de direito, é diária e árdua.

É de extrema importância tratar do assunto abertamente, tanto com crianças (de acordo com sua faixa etária), quanto com os adultos para que casos de assédio e exploração deixem de ser tratados como invenção da cabeça da criança. Vale lembrar que toda criança e adolescente tem direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura, e nós enquanto sociedade temos que garantir esse direito.

Trabalhar a prevenção de forma intensificada em toda a sociedade é um grande passo para que crianças e adolescentes e a família aprendam a identificar, se defender e denunciar casos de abusos e assédios, que na sua maioria são cometidos por pessoas próximas (vizinhos, amigos e etc) e familiares( pai, tio, avô, irmão, primo e etc). Segundo dados do disque 100 mais de 70% dos casos de violência sexual contra criança e adolescente acontecem dentro de casa.

Ensinar as crianças a conhecerem seu próprio corpo e reconhecerem que há algo de errado quando alguém a toque de maneira constrangedora ou a exponha a cenas pornográficas, é uma maneira de prevenção. Lembrando que ao ensinar-lhes essa maneira de prevenção nós não estamos induzindo ao sexo, estamos na verdade encorajando-as a denunciar. E nós também devemos ficar atentas/os e nos tornar uma fonte de segurança para essa criança.

Preparar também professores para que consigam identificar através do comportamento dos alunos qualquer mudança e torna-los uma fonte segura para que as crianças possam denunciar, caso a família seja a agressora ou não consiga identificar o abuso.

Enfim, é um dever meu, seu e de todos nós, garantir que crianças e adolescentes não tenham seus direitos violados. Para realizar denúncia você pode ligar para o Disque 100, para o 190 ou pode entrar em contato com o Ministério Público do seu Estado e realizar a denúncia. Como diz uma Assistente Social e amiga, Lucy Luz: “ Toda criança é responsabilidade nossa.”

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