Secretaria volta atrás e desiste da nomeação de PM que responde por morte de mulher arrastada em viatura

A Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) decidiu tornar sem efeito a nomeação do capitão da Polícia Militar Rodrigo Medeiros Boaventura, que atuaria como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais. Boaventura responde pela morte de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 350 metros em 2014.

A nomeação foi revelada pela colunista Berenice Seara, do EXTRA. Na terça-feira, quando questionada sobre a escolha de um policial que responde por homicídio, a Seas se limitou a responder que “Rodrigo Boaventura responde a processo e não existe nenhuma condenação”.

Vinculada à Subsecretaria Executiva da pasta, a Superintendência de Combate aos Crimes Ambientais (Sicca) é responsável pelo “planejamento, coordenação e execução nas ações de combate aos crimes ambientais, integrando os órgãos públicos responsáveis pela fiscalização ambiental das três esferas do governo”, como explica o site da secretaria. O capitão iria substituir Fábio Pinho na função.

 

Crime sem punição

O capitão Boaventura era tenente quando Claudia foi morta e arrastada pela Estrada Intendente Magalhães. Na época, ele comandava a patrulha que realizou a operação no Morro da Congonha, em Madureira, no dia do homicídio. Até hoje, Boaventura — apesar de ter permanecido algumas semanas preso pelo crime à época — nunca foi sequer punido administrativamente pela PM pelo crime. O policial segue ativo na Polícia Militar, com remuneração média de R$ 8.712,86, de acordo com o site da Secretaria de Planejamento e Gestão.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou, por meio de nota, que, Rodrigo Medeiros Boaventura responde a processo judicial e não foi nomeado a nenhum cargo pela Corporação. A PM, no entanto, não deu detalhes sobre as funções que o capitão desempenha na polícia e nem explicou os motivos da promoção de um oficial acusado de homicídio.

Além do capitão, também responde pelo homicídio o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno. Já os subtenentes Adir Serrano e Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles também respondem pelo crime de fraude processual, por terem modificado a cena do crime, removendo Claudia — já morta, segundo a perícia — do Morro da Congonha. Serrano e Archanjo estão reformados. Os demais seguem trabalhando na corporação.

O vídeo chocante que mostra Claudia sendo arrastada pela viatura da PM por 350 metros da Estrada Intendente Magalhães foi revelado pelo EXTRA. As imagens mostram a mulher pendurada no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam. Antes Claudia havia sido baleada no pescoço e nas costas em meio a uma operação do 9º BPM no Morro da Congonha, onde morava.

 

Matéria originalmente em extra.globo

Uma mulher negra de 51 anos foi vítima de mais um episódio de violência policial em São Paulo.

O governador João Doria (PSDB) disse que as cenas da violência policial contra uma mulher em Parelheiros, no extremo da Zona Sul de São Paulo, “causam repulsa” e que é “inaceitável a conduta de alguns policiais”. As imagens divulgadas pelo Fantástico neste domingo (12) mostram um policial militar pisando no pescoço de uma mulher negra de 51 anos para imobilizá-la.

“Os policiais militares que agrediram uma mulher em Parelheiros, na Capital de SP, já foram afastados e responderão a inquérito. As cenas exibidas no Fantástico causam repulsa. Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP”, afirmou em um post publicado em suas redes sociais.

Os dois PMs ficarão afastados durante a apuração do caso. A Secretaria da Segurança Pública diz que não compactua com esse tipo de comportamento.

Viúva, com cinco filhos e dois netos, ela é uma comerciante que vive de um pequeno bar. E foi no trabalho dela que a mulher se tornou vítima desse episódio de violência policial.

O vídeo mostra os policiais militares abordando um grupo de pessoas em uma tarde de sábado, no dia 30 de maio. Na ocasião os bares e restaurantes estavam proibidos de abrir na capital paulista. A comerciante estava com estabelecimento aberto, um cliente parou o carro com o som alto na frente do bar, o que incomodou a vizinhança que acionou a polícia.

“Ele me bateu e quanto mais eu me debatia mais ele apertava a botina no meu pescoço”, disse a vítima que não quis se identificar com medo dos PMs voltarem.

A mulher conta que pediu que o motorista abaixasse o som e quando saiu viu uma viatura parada e um policial agredindo seu amigo. “Aí eu pedi para o policial não bater mais nele que ele já estava desfalecido, deitado no chão e o policial sobre o rosto dele”.

Nas imagens é possível ver o policial apontando a arma para outro homem, que tira a camisa e ergue os braços. Atrás dele um homem de blusa azul grita para mostrar que está gravando com o celular e o policial recua e vai dar apoio ao colega.

A comerciante está ao lado e pede para soltar o amigo. “Eu pedi para o policial pra parar e ele me empurrou na grade do bar, me deu três socos, me deu uma rasteira para me derrubar, ele quebrou minha tíbia”. Os vídeos não mostram essa parte da ação, apenas o momento seguinte.

“Ele ficou pisando no meu pescoço com meu rosto encostado no chão”, disse a vítima. Em seguida, a mulher é arrastada algemada pelo asfalto até a calçada. Ela conta que desmaiou quatro vezes durante a ação.

Os PMs alegam que foram agredidos primeiro e tiveram que reagir contra a comerciante a amigos dela.

No boletim de ocorrência registrada pelos PMs na delegacia, eles dizem que a mulher usou uma barra de ferro para agredi-los na cabeça e os ameaçado com um rodo. Ela nega.

O BO foi registrado como desacato, lesão corporal, desobediência e resistência contra a comerciante. Ela foi levado para o hospital com ferimentos e perna quebrada. Após atendimento, ficou presa um dia na delegacia. Um dia após ser solta passou por uma cirurgia na perna e levou 16 pontos.

Matéria da https://g1.globo.com/

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