Relato de uma mãe no puerpério

* Por Naiara Bispo

“Amamentar é um ato de amor.” É com essa frase clichê que inicio esse texto.
Ninguém ensina a mulher que amamentar exige sacrifício e também é um sofrimento. Sofrimento em dose dupla. A mulher sofre fisicamente com fissuras no mamilos, ductos entupidos e dores no corpo. E ainda sofre psicologicamente, porque sabe que precisa alimentar aquele novo ser, que chegou e a atenção é voltada só para ele. A família vem com palpites e fórmulas milagrosas para melhorar a produção do leite. A equipe do Posto de saúde da família com aquela frase: “ Mãezinha, o leite é em demanda livre, viu?!”. Os amigos /colegas/vizinhos: “ Mulher, dê um engrossante( leia-se mingau)a esse menino. Ou “ Nossa, 2 anos e ainda mama? E ainda sai leite?”. São tantas frases que as mães ouvem que daria um livro.

Mas quase ninguém ou ninguém acolhe uma mãe após o nascimento de um filho. Ninguém a acolhe como mulher e ser pensante que tem gostos e vontades. Que vai ter dia que ela vai querer comer um chocolate e tá tudo bem. E outros dias ela vai tirar o leite do peito e colocar na mamadeira para alimentar seu filho, mas isso não a fará menos mãe, isso não significa que ela não ame aquele ser banguela que sorri enquanto ela chora, chora de cansaço. Isso significa que ela conhece seu limite, o limite do seu corpo e continua sendo mãe.

Eu, neste momento estou com meu novo ser no colo enquanto escrevo e lembro-me dos médicos falando que a amamentação seria fácil dessa vez, já que era o segundo filho. Mas não foi e nem tá sendo. Cada bebê é diferente, cada ambiente é diferente e posso dizer que até mãe de dois filhos é diferente a cada experiência com seu filho.

Que nesse 1° de agosto e em todos os dias do ano, possamos respeitar e acolher as mães que amamentam e as que não amamentam também. E que além de ato de amor, terá também sofrimento e sentimento de culpa. Então, respeite-se e quando chegar seu limite, não se culpe.

*mãe de Liz ( 4 anos) e Tarick (1 mês) e Assistente Social Tamojuntas

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