Por *Eunice Suelen da Hora e Silve Elen Braga.
Através da construção social e histórica, o racismo que se manifesta de diversas formas e locais, atinge as mulheres negras nas diversas estruturas que fazem parte, pois a natureza das relações de dominação e subordinação que operavam na escravização, refletem até hoje nos diversos índices ocupado por elas. Essa diferença é percebida nas relações entre o sexo, nos altos índices de feminicídio e violência contra mulher, nos baixos índices de escolaridade, a falta de acesso à educação e alto indices de analfabetismo, subempregos entre outros, fortalecendo assim as relações de poder, na qual foi ensinada para as mulheres negras que são submissas e inferiores, negando o protagonismo da sua história numa sociedade tão desigual.
Sendo assim, ser mulher preta diante todas as desigualdades é carregar no nosso corpo saberes da Ancestralidade de todo um povo e (re)criar em todo amanhecer estratégias de sobrevivência para vencer o racismo, machismo e todas as formas de opressões. É ser resistência, luta, companheirismo, colo e sabedoria, cuidado com os seus e com os outros na sua caminhada.
Ser mulher preta é enfrentar os obstáculos impostos pela sociedade mostrando que somos capazes de realizar qualquer atividade e sermos donas do nosso destino, mesmo que muitos ainda não sejam capazes de reconhecer e legitimar as nossas conquistas diárias, que podem nos levar onde quisermos, pois estamos fortalecidas a todo momento em não parar de buscar conhecimentos e aprimorar nossas habilidades.
Por fim, ser mulher preta é sempre está em busca para acessar os diversos espaços que por muito tempo nos proibiram de adentrar, é se posicionar quando tentarem falar sobre nossas vivencias, nossas dores, nos fazendo entender que nossas falas não tinham importância alguma para a sociedade e para as classes dominantes na qual fomos a todo tempo invisibilidades e por esse motivo a luta se torna diária para conquistar e mostrar a importância do nosso lugar de fala.
Que nesse Julho das Pretas o colo das nossas ancestrais nos sirvam de afago e que seus ombros nos sirvam de apoio para continuarmos avançando na luta coletiva para nossa sobrevivência e nosso protagonismo, pois até aqui, já sabemos que somos donas do nosso próprio caminhar.
* Assistente Sociais